Saturday, April 9, 2011

Dia 2: Asilah - Marrakesh (Parte 3)

Ao chegar a Marrakech nota-se logo o aumento de movimento. Muito carro, muita mota, muitos policias sinaleiros, confusão. O nosso plano era bastante simples: ir directos à zona da Medina, e encontrar um cyber-café para podermos descobrir com calma um hotel porreiro. É sábado, e vamos passar o fim de semana todo aqui - só voltamos à estrada na segunda-feira - pelo que interessa algo perto do centro.

Andámos às voltas para dar com os muros da Medina. Não é fácil a orientação usando apenas as placas, e nenhum de nós tem GPS (excepto nos telemóveis, mas sem roaming de dados estes demoram uma eternidade a apanhar sinal).

O "andar às voltas", em Marrakech, é assim:


Ao passar os muros da Medina para o seu interior, aí é que começou o caos. O transito era caótico, quer de carros, motocicletas de todas as cores e feitios, carroças, cavalos e burros. E gente. Muita gente. Muita, muita, muita gente. Foi quase impossível encontrar um local para estacionar as duas motas, e o dia já estava a terminar. Aproveitámos que um carro estava a sair e estacionámos no lugar deste, onde apareceu logo o sujeito que controlava o parque. Lá se foram 5 euros, para deixar as motas mal e porcamente, assim:



O destino era mesmo o cyber-café, e no meio daquela confusão de gente e ruas estreitas lá descobrimos um.


O caos na rua já nos devia ter preparado para a qualidade do cybercafé. A net era tão lenta que demorámos uma pequena eternidade para tirar a referência de 2 ou 3 hoteis ali nas redondezas. E depois descobrimos que ou ninguém sabia o nome das ruas, ou os que sabiam não tinham a certeza e cada um atirava o seu palpite. Ao fim de 10 minutos, já tínhamos a noção que o que devíamos fazer era esquecer esses hoteis e ficar apenas com uma referência de preços.

Ali mesmo junto à Praça Jeema El-Fna a Lina teve um ataque de pânico: "eu quero sair daqui e rápido". Todos estávamos inclinados em arranjar ali mesmo um hotel, embora eu ainda tivesse grandes dúvidas sobre onde deixar a mota a dormir. Havia vários locais de parque de estacionamento de motas, todos eles certamente com mais de 200 motocicletas estacionadas, mas o certo é que não vi ali qualquer mota de alta cilindrada.

Só o facto de me ter de meter de novo em cima da mota para enfrentar aquele tráfego deixou-me com vontade de convencer a minha mulher a ter calma e arranjar ali o Hotel, o parque para as motas, o jantar ao luar, ... Mas o olhar da Lina não me deixou dúvidas: temos de sair dali.

Marrakech é uma cidade com um milhão de habitantes. Ao sábado antes de jantar, 9 em cada 10 habitantes vão até à praça principal (nos restantes dias são apenas 8 em cada 10). Aquela Praça, às 8 da noite de qualquer dia, é um caos, com tudo barulhento, tudo agitado, com um cheiro activo da urina das largas dezenas de cavalos e burros, e tudo porco e imundo como manda o protocolo. Tem todos os ingredientes que são precisos a quem acabou de fazer uma tirada de 600 quilómetros de mota e não tem lugar para dormir.

Meu amor, tens toda a razão, eu prefiro realmente pernoitar num sitio mais calmo e vir para este local como visitante, não como residente. Vamos embora.

Combinei que tomava a dianteira para sairmos dali. Lembrei-me da minha experiência de condução em Nápoles e Roma e a regra a seguir: "cada um preocupa-se com o tipo que tem à frente, e a coisa rola sem problemas". Resultou. Com umas apitadelas e usando a regra de ouro "o mais audaz tem prioridade" fui abrindo caminho. Rapidamente em menos de uma hora conseguimos superar os 300 metros que nos levaram para fora da medina. E mesmo ali pertinho, na primeira rua que entrámos, a oferta de Hoteis era vasta e escolhemos um que nos pareceu porreiro. 52 euros por casal, pequeno almoço, parque para motas e guarda nocturno. Que estupidez ter entrado nos portões da Medina!

Um duche e voltámos para a caótica Praça, mas desta vez sem motas, vestidos "à civil", para um jantar - já mais ceia - pertinho da meia-noite.





Não vimos muito nesta noite: amanhã o dia seria passado todo em Marrakech e teríamos tempo para tudo...

1 comment:

  1. Foi "de homem", meteres-te na medina no final de um dia cansativo. Eu nunca o fiz. Prefiro, como acabaram por fazer, ficar numa zona calma e descer à cidade. Fiquei uma vez muito bem num camping dos arredores da cidade, e de outra vez dormi, numa noite muito quente de Agosto, num passeio de uma larga avenida, na companhia de muitas famílias marroquinas. :)

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