Wednesday, April 13, 2011

Dia 6: do Todra a Merzouga (Parte 7)

E no final do dia lá tínhamos o jeep à nossa espera. Um Toyota com a suspensão toda levantada, mesmo preparado para aquele ambiente. O nosso carro de família é uma pick-up de caixa aberta, pelo que já estamos habituados a estas coisas.

O nosso guia mantinha uma velocidade muito reduzida, e ainda tentámos convencê-lo a deixar a Lina conduzir aquilo, mas em vão. A minha mulher é uma "pro" a conduzir um todo-o-terreno, consegue até acender luzes de aviso que a malta da oficina da Mitsubishi nem sabia que existiam, e a fama dela já deve ter chegado aqueles lados de tal forma que o Brahim só se agarrava ao volante e dizia "não! não! não!". Nem sabe o que perdeu, aquilo a abrir deveria ter sido bem engraçado...

Saímos do hotel e ficámos com as dunas pela direita. Percorremos pistas que não são bem pistas delineadas: o nosso guia escolhe uma direcção e vai levando o carro por ali. Já muito perto do nada, parámos o jeep, e munidos com duas garrafas de água lá fomos nós escalar as dunas. Descalços, para sentir bem a coisa.



Estar nas dunas é uma sensação lunar. A areia é muito fina, e conseguimos escalar montes com uma grande inclinação. Puxa por nós, pelo corpo, é deveras cansativo com os pés sempre enterrados. O som dificilmente se propaga neste ambiente, pelo que a sensação de silêncio é brutal, e mesmo os diálogos tomam outra forma: não há "música" de fundo. O cheiro a terra, terra, terra! A música do Caetano Veloso não me veio à cabeça na altura, mas os versos "Terra! Terra! Por mais distante, O errante navegante" são os que me chegam agora com a recordação. O certo é que quem viveu o deserto jamais o esquecerá.

Quando nos cansámos de andar, de escalar, ficámos por ali, deitados na areia, a aproveitar o momento. Até que chegou o momento esperado: o pôr-do-sol. No comments.


Nenhuma destas 3 almas são de Paço de Arcos, mas na terra do fotógrafo temos um costume de posar para as fotos assim.

Quando o sol finalmente se escondeu as cores do deserto mudaram, e a areia ficou ainda mais doirada. Um momento perfeito para se tirar umas fotos dos casalinhos.



Nesta altura o Brahim recebe um SMS de um amigo a avisar que uma tempestade de areia estava ali a 10 km e que vinha na nossa direcção. A Lina riu-se com uma boa gargalhada e perguntou se o amigo enviava sempre uma SMS dessas para despachar a coisa...

Mas pelo sim pelo não perguntámos como deveríamos proceder e a resposta foi deveras simples: "tapamos os olhos e a boca com as camisolas e esperamos que passe. São uns minutos". Mas nós estávamos num sítio tão alto e a visibilidade ao redor era tão grande que com certeza se existisse uma tempestade algures nós dali conseguiríamos ver alguma coisa.

Ficámos por ali a aproveitar um pouco mais o deserto, completamente nas calmas, e ainda nos divertimos como putos pequenos com a descida das dunas.





"Life is fun!"

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