Thursday, April 14, 2011

Dia 7: de Merzouga a Fez (Parte 2)

Pelo título que dei a este dia nota-se que os quilómetros vão ser bastantes. De facto, 470 quilómetros separam estas duas localidades, isto a direito. E mais uma vez atravessamos o Atlas.

Pequeno-almoço tomado deixamos Merzouga e fazemos uma paragem em Erfou apenas para abastecer. Já conhecíamos a estrada, não havia possibilidades de um percurso alternativo aqui.

Entrámos no Atlas logo após Errachidia, onde a paisagem de água e deserto se juntam.



Aqui o Atlas é muito diferente do que tínhamos presenciado. Não tinha aquela verdura imensa, a altura, e a neve quando o atravessámos em Marrakech. Fazíamos alguns percursos de subida, e depois dentro da montanha tínhamos enormes vales monótonos.



Nenhum local merecia que parássemos pelo que andámos por ali a comer quilómetros a manhã inteira. Antes de chegar a Midelt, onde parámos para almoçar, o vento apareceu em força.

Muita gente me pergunta "como é que fazemos no inverno com a chuva", mas o maior medo que tenho quando estou em cima de uma mota é o vento. E o vento aqui em cima no Atlas não foi nada nosso amigo. Foi mais de uma hora com vento intenso, irregular, que nos fazia andar inclinados para o combater, e que no momento seguinte podia nos empurrar para o lado completamente oposto. "Isto não é para meninos". Na maior parte das vezes o vento vinha do meu lado esquerdo, e empurrava-me o capacete de encontro à bochecha. E eu sou tão magro que normalmente nem bochecha tenho, mas este vento fazia que o capacete a encontrasse sem quaisquer problemas. Um esforço também para o pescoço.

Quando parámos, em Midelt, para almoçar, tanto eu como o Massimo apresentávamos visíveis sinais de cansaço. Mesmo parados, o raio do vento fazia circular ali pelos ares folhas e terra, tínhamos mesmo de aproveitar e almoçar num sítio abrigado.

Andámos ali pelas estrada principal da cidade, mas nada nos parecia acolhedor. Escolhemos finalmente um restaurante:


Este restaurante fica-nos na memória. À entrada, somos recebidos por um casal idoso, ele com um ar de filme, vestido com um fato que já viu muitos invernos e já comeu muito vento da região, ela com saia de fazenda e casaco de malha, lenço na cabeça. O cheiro da velhota era uma coisa do outro mundo, não devia ver água há muito. A senhora explica-nos em espanhol (era espanhola, veio viver para Marrocos há muito) que o restaurante está em remodelação e que só nos pode fornecer o Menu Completo, por 8 euros por pessoa. Eu faço sinal que me vou embora, ela fala com ele, e o preço desce para os 6. Ficámos.

Mas a comida não era nada de jeito, o cheiro da velhota de quando em quando chegava-nos à mesa, o que tornou a nossa refeição numa coisa muito rápida.

Voltámos à estrada e ao vento. Raio do vento, agora da parte da tarde ainda ficou mais forte.... Um suplício, um suplício!

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